Eu acho que minha ausência explica tudo que passei a dizer aqui. Até me perguntei se tinha cansado de escrever para você, meu menino. Mas não foi isso; eu apenas dormi. O clarão do meu quarto estava me incomodando, procurei por músicas tristes, cheguei até à procurar qualquer tipo de coisa que me deixasse com a mente ocupada, sabe? Só para recompensar o tempo que passei escrevendo para você, basicamente, revivendo nossas histórias de paixão. Em meio disso tudo, esperei muito! Mas esperei por algo que não ia vir...
Tenho enxergado tudo muito artificial, sinto vontade da minha praia só para poder ver as nuvens - me deito nos lugares com intuito de olhar para elas e encontrar você. A sua distância me deixou sem brilho, seca, desnorteada e não precisa dizer que sempre fui tudo isso, eu já sei. Mas agora é diferente; as pessoas parecem notar isso em mim, estão me conhecendo pelo real, porém, pelo lado sujo. Me condenando só de olhar. Não me importo; encaro-as da mesma forma.
Minha insônia faz com que eu te escreva e sinta vontade de soletrar nossas histórias. Ah! Meu menino, você sabe que o que me deixa triste é a luz do Sol, você sabe como eu fico, parece que permaneço em transe. Só me sinto feliz na chuva, feliz em exibir meu guarda-chuva preto - que por sinal, está velho. Sabe; minha mania de saudade faz lembrar de absolutamente tudo, mas eu quero fazer diferente. Apesar do clichê não fazer muito parte de mim, irei aderir ele por hoje! Eu queria muito que você estivesse aqui, queria minha cabeça sobre a sua, fazer todas minhas bobagens com você. Queria escutar sua voz cantando a música mais velha que pudesse existir ou até mesmo ouvir seu silêncio - que só eu entendo, queria me transformar no seu vício novamente e fazer você esquecer a estupidez de fazer exercícios físicos constantemente. Eu só queria te trazer para mim agora, mesmo sendo o comum e mesmo eu não gostando.
Suas promessas nunca me deram esperanças, eu só gostava pelo fato de rir depois e não ter que te cobrar. Acho que essa certeza toda, vinha junto com a guerra das nuvens contra mim. Quando elas cismavam, entravam em conflito comigo e não me deixavam encontrar os desenhos e nem mesmo você, meu menino. Elas fazem isso para que eu absorva você de alguma forma, mas minha necessidade de injetar você é muito maior. Com você aprendi que amar não é o bastante e que o passado não se contenta em ser passado, ele sempre quer estar presente.
Ter dezesseis ou dezoito anos e amar, é perigoso. Descobri isso enquanto acordava ao seu lado. Eu gostava de sentir as pontas dos seus dedos na minha barriga, e você adorava desenhar o símbolo do infinito - e nós nem mencionávamos isso na nossa história de amor, não queríamos estragar com coisas que passam. Aquele carinho me dava um sono sem fim e o que me mantinha acordada era o seu sorriso. Enquanto outros rapazes desejam encontrar mulheres perfeitas quando acordam, você só queria ver meu cabelo, bagunçado, contra o Sol e minha boca seca. E eu te puxava, para beijar seu pescoço até marcar e poder dizer que você é minha poesia, como ninguém jamais foi.
Eu aprendi com uma menina, que encontrei na rua, que devemos amar baixinho, mas não sei o que me deu e eu quis te amar alto, muito alto. Quis ver as flores e molhar nós dois, quis brincar de cabana com o seu irmão mais novo, quis encostar meus lábios nos seus. Mostrei para você e para o mundo, que a beleza não está só nas cores e que a alma pode ser de criança para sempre. E com esses afins, gravei no meu coração, que o amor sempre deixará marcas significativas.
Isadora