quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Sixteen years later (part two)



São exatamente 21:45 de um sábado, eu acabei de chegar do trabalho, confesso que estou cansada demais pra escrever, mas não posso fazer essa desfeita com o meu diário novo, claro! Meu filho dorme como um anjo, meu marido está no trabalho e eu estou maquinando o que escrever aqui. Nunca imaginei que aos 33 anos eu sairia pra comprar um diário, até porque não quero que ele vire um livro ou algo assim, espero que eu me desfaça dele antes de morrer. 
Hoje o meu dia foi tão exaustivo e adivinha só, o Henrique martelou a minha mente, me desconcertou inteira mais uma vez. Será que sempre que eu pegar o diário pra escrever, ele vai aparecer? Não queria isso. Depois de 16 anos isso ainda acontece comigo, que ridículo; eu não sou mais uma adolescente. 
Até eu decidir que ia comprar um novo, eu mentalizei que só ia escrever de como a minha vida estaria acontecendo, pelo visto não mudou nada da outra época pra cá. Só o Henrique. Merda!
Não estou acreditando que também vou começar a ter flashback, maldito passado!!
Sabe.. eu passei todos esses anos conhecendo pessoas, olhando pras tantas e tantas faces na rua, convivendo com meu marido, amando-o, sempre com os sorrisos e nunca pensei no Henrique, e não consigo entender porque eu penso nele AGORA. Logo depois de ter pego o diário velho pra ler, eu comecei a pensar mais.
Tudo na minha vida e na do Henrique sempre foi tão complexo, tão cheio de graça, de confiança, de olhares misteriosos e que no fim, sempre eram apenas pra dizer: "ah... como eu te amo minha menina" e vice-versa. 
Acho que se encontrasse o Henrique por ai, o reconheceria, até porque seu rosto lindo e angelical nunca mudou desde sua infância até aquele tempo. 
Putz, por mais que eu deseje NÃO falar dele, é inevitável... O meu sub-consciente vai levando a minha mão com a caneta e desliza com uma facilidade enorme pelo papel, haha! E a unica coisa que eu consigo falar é sobre o quanto foi ruim ver ele jogar as mãos pro alto, desistir de nós dois sem ao menos tentar recomeçar, consigo lembrar de que naquele momento ele não me olhou com a sinceridade de sempre e com os olhos brilhantes que pareciam estrelas diante do meu ver. Suas roupas eram tão rabugentas, o seu jeans rasgado, a sua blusa xadrez de mil décadas e o seu all star preto, que nunca saia de seu pé, o cabelo sempre bagunçado e sem corte, sua barba sempre mal feita. Parecia que só existia aquela roupa pra ele... Seus olhos eram castanhos escuro, sua pele branca, seu nariz afilado e com um tipo de bolinha na ponta (risos), sua boca era um vermelho claro ao mesmo tempo meio cinza, por causa do cigarro. A pessoa mais linda do mundo.
Eu juro, gostaria de entender o porque dele ter me deixado, pode não ter sido por causa de Pricila alguma, até porque durante dois anos ele conseguiu me provar o tanto de amor que tinha dentro dele; e eu conseguia saber quando ele mentia, eu o conhecia melhor do que qualquer pessoa. Só que no tal dia 30 eu acho que as palavras dele, bateram na minha mente com tanta força, que o impacto não me deixou pensar, me deixou totalmente sem palavras, e quase sem reação. Ou seja: durante dias fiquei assim, desnorteada!
Engraçado, o seu jeito nerd, galã e tímido era o que eu mais adorava; e mesmo assim ele era super extrovertido, era uma criança diante de mim. Eu era completamente louca de amores por ele, pelo seu jeito galante e sedutor, que deixava qualquer uma com inveja. Sinto falta de como ele me fazia sentir. Me colocava em seus braços e me segurava como um cristal sensível a toques brutos. Mais no tal dia 30, ele derrubou o cristal no chão, como se pudesse colar os pedaços, caso ele se arrependesse do que fazia.
Mesmo casada, com filho, trabalho, pareço uma nem ai pra vida. Hoje eu fumo, saiu pra beber sozinha ou acompanhada do meu marido e amigos. E acredite, no final dessas noites eu vou até o meu piano e toco a nossa música. Emoções. Ela sempre foi a nossa cara. E por esses 16 anos, sempre que toquei, nunca sequer me veio o Henrique na cabeça e agora só ele parece fazer parte de mim. Com tanto amor que havia dentro dele, acredito que, hoje, não exista mais amor dentro dele pra semear. Ele me fez ficar durante uma bolha por anos e anos, até essa bolha estourar e eu tentar recomeçar sem ele. A partir dali, eu me considerei fracassada no amor puro e sincero. 
E com o meu cigarro, meu rum e o meu piano longe, vou dormir e tentar não encontrar o Henrique nos meus sonhos....


Isa =)



9 comentários:

  1. aaaaaaaaaaaaaai *-*
    lindo.
    triste e lindo
    amei isa!

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  2. É uma pena ver que ela é casada,e ainda se prende ou curti um amor antigo. melhor está só e curtindo essa fossa ou sozinha a procura de outros "Henriques". bola pra frente, garota.

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  3. Haha, brigada pelos comentários mores! Vou escrever a parte três depois e espero que a Camile se encontre, né? HAHA

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  4. Super triste, ainda mais intenso que o primeiro! Muito bom (:

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  5. ADOREEI, tem que ter a parte 3!

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  6. ADOREEI, tem que ter a parte 3! 2

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