sábado, 5 de novembro de 2011
Meu desejo ardente
Depois de trazer você para os meus sonhos, levanto sem coragem de te acordar e te dar um beijo de bom dia. Você parece uma criança enquanto dorme e sua boca é mais convidativa assim, do que quando está pactuado. Mas antes de acordar você, alisei cada traço do seu rosto, deixei com que cada fio do seu cabelo amaciassem entre os meus dedos; então pensei na nossa paixão impetuosa, meu menino. Eu queria tudo de uma forma perfeita, para que não houvesse fim. E você veio dizer que não era preciso. Você disse que minhas estratégias não seriam necessárias em nossa série. Também disse que poderia contar com você para tudo, com toda reciprocidade do seu coração, até mesmo com nossas brigas para serem usadas como base de aproximação maior.
A junção dos seus olhos e seu sorriso, amoleceram meu porte de forte. Me fez responder que estou errada. Você mediu toda a dimensão da minha felicidade. Fez com que eu fechasse meus olhos e ao invés do escuro, eu conseguiria te trazer ao meu mundo. Você me mostrou que além da madrugada e da chuva, posso viver no sol também, sem ter que cobrir meus olhos com nossos lençóis ou alguma de suas mãos. Eu sempre fugia da luz e dos reencontros de sentidos. Gostava de substituir isso por um sapo na lagoa ou uma lanterna voadora. Mas você sabe que sempre preferi as lanternas... Lagos com sapos me lembram das flores, e flores lembram o amor. E elas são como o amor, murcham com o tempo. Quem me contou isso foram as próprias flores das ruas.
Gosto de pescar no meu lago de memórias, nós dois sempre com pouco tempo, com pouca graça, com pouco aprochego. E era isso que fazia nós dois chegarmos atrasados, aos tropeços. Tão lindo, tão gostoso... Era bom chegar atrasado por alguns minutos a mais de carinhos, beijos e até promessas alienadas vindas de mentes e corpos nostálgicos, risos bobos.
Você sabe melhor do que ninguém que nós dois temos o abatimento da música, a condolência das palavras não ditas, a lembrança da borra de café que a "feiticeira" leu e disse que você entraria no meu caminho como interrogação, e para dizer ao meu coração que eu vou parar para esquecer o que ficou no baú. Você disse que jogaria a chave fora para eu nunca mais querer abri-lo. Desnecessário, meu menino; não se guarda, não se joga fora, apenas se queima as lembranças... Deixo-as cicatrizadas na minha mente de forma negra, com aviso de perigo e quimeras vive lá. Assim, saberei que meus sonhos encostaram nos seus e que estarei segura em seus braços.
Isadora
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