quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Sixteen years later







Pra mim o tempo não existe e hoje eu vejo ele passando pela janela da minha casa e não consigo pensar em nada pra fazer ele passar mais devagar ou então parar por completo. 
Sempre falei pra mim mesma que nunca ia me prender a ninguém; e agora consigo entender, porque tu nunca deve dizer nunca. 
Fico lembrando de todas as palavras que tu me disse e que fizeram meu coração quebrar em 476532568687 de pedaços. Me lembro de todas as vezes que me encontrei largada em um bar, bebendo doses do Johnnie Walker só pra tentar te esquecer. Até hoje eu não consigo apagar o dia 30 de junho de 1994.... Eu tava tão feliz em saber que ia te encontrar, em saber que eu ia te abraçar e beijar. Ver o teu rosto lindo e angelical me acalmava, ver tu fumar um cigarro me fazia querer te achar no meio da fumaça e ir ao encontro da tua boca. Nem me importava que o teu gosto não fosse o melhor de todos naquele momento, só queria tá contigo e poder te sentir! A cada vez que nos encontrávamos, eu falava que ia ser o melhor encontro do nosso romance, porque a cada um deles, tu me surpreendia, parecia que todos os dias tu queria me conquistar... E funcionava, porque eu sentia que me apaixonava pela mesma pessoa, mais com outros pensamentos. Enfim, voltando a 1994..... Naquele dia, eu te esperava sentada em um bar no bairro da Vila Madalena - São Paulo. Era lá que era o nosso fim de noite. Já tava ficando tarde, aquele frio e nada de ti aparecer. E de repente eu vejo tu se aproximando da mesa, como se fosse um desconhecido e que ia pedir migalhas do pouco que restava do couver. Tu sentou e nem ao menos me cumprimentou com um beijo, como sempre fazia. Acendeu o cigarro e sem muito ensaio, falou que precisava terminar comigo, que não aguentava mais a mesma coisa sempre e que estaria apaixonado por uma tal de Priscila. 
Naquele momento, eu perdia o chão, perdia qualquer sentido, não conseguia falar, as lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto, ele me mandava ficar calma, eu só via o seu rosto lindo e os lábios dele pronunciando a palavra calma! Empurrei ele sem força alguma e sai correndo do nosso ponto de encontro, eu tava desnorteada, mas conseguia perceber que as pessoas estavam olhando pra nós dois, até que ele jogou o dinheiro em cima da mesa e veio atrás de mim. Entrei em uma rua totalmente suja e escura, pra ver se eu ia conseguir fugir dele e daquilo tudo que explodia dentro da minha mente. E eu consegui fazer com que ele me perdesse de vista, quando me escondi atrás de umas caixas empilhadas. Depois que me despreocupei por ele ir embora, fiquei ali sozinha durante horas e só voltei pra casa as 3:45 da manhã. Pode até parecer um exagero, mais eu com apenas 17 anos, tinha a certeza de que ele era o amor da minha vida e eu tava perdendo ele naquele momento, pra tal da Priscila. 
E agora eu estou com 33 anos, casada, com um filho de 4 anos. Sei que o meu marido me ama, também o amo, mais não como eu amei o Henrique e sei que ainda o amo até hoje. E esses 16 anos que se passaram não foram o suficiente, preu esquecer aquela quinta-feira, preu esquecer o Henrique.
Lembro agora que todos os dias eu abria o meu diário e falava nele do quão grande era o meu amor pelo Henrique. E nessa quinta-feira, foi o último dia que escrevi nele.... Ninguém nunca sequer soube da existência desse diário. E nem sei porque peguei ele pra ler, só pra lembrar do pior dia da minha vida? Masoquismo idiota!
O dia 30 de junho, foi marcado por tantas coisas ruins.. É, além do término do nosso namoro, foi o último dia que eu vi o rosto lindo e angelical que me acalmava. Depois dali, nada fazia sentido e eu não queria ter a imagem dele com a Priscila ou qualquer outra.
O que era dito por ele, que seria pra sempre se perdeu e acabou. Mas guardo a certeza de que o amo ainda, mesmo depois de tudo! Depois dessa última página, vou me desfazer desse lixo de ilusões que é o meu diário.
E mais um detalhe, percebi também que todas as palavras que saiam de dentro dele a cada dia que ele me conquistava, se perdeu na fumaça do seu cigarro imundo.

Isa =)


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