sábado, 29 de outubro de 2011

A dor do Girassol


Acho que vou deitar, mas não para dormir e sim para pensar. Talvez eu até adormeça depressa. Isso só acontece porque o único lugar que posso te ter de todos os jeitos é nos meus sonhos. Confesso que me desmonto, sinto a percepção do vazio em nossos sonhos. Era tudo tão amarelo destacando um outro tipo de laranja. Havia Girassóis - você sabe o quão gosto de te comparar com Girassóis, não é? Se é de sua abelhudice, eu não sei como eu e você estávamos juntos e com Girassóis por todo o teto.
Ah! Meu menino, eu queria ter tempo e sossego suficientes para não pensar em coisa alguma, nem sequer você. Nós dois nunca conseguimos se segurar, se encolher sem ao menos um beijo, uma mordida, um sorriso ou até um puxão de orelha. Nossos olhares vagos, fiz você sorrir por horas! Lembra do nosso mundinho? Um lugar onde ninguém nos acharia, um frio inaudito e sem som algum; silencioso. Isso tudo e eu ainda não sei distinguir se é sorte ou outra definição. Juntos, temos coragem, agudeza e não precisamos de estabilidade; não nós dois.
Não explico como é chorar e ir para o mundo, ir para um campo e ver todas as flores desbotadas por causa da chuva... Sempre dói. E logo nós dois, que fizemos nossos planos debaixos dos lençóis e entregamos para Afrodite. Me pergunto o que ela fez com eles. Tenho suposições: os jogou para cima e deixou que o vento tomasse os rumos certos ou errados da nossa história, ou partiu-os ao meio e entregou para as Borboletas com sabedoria de Coruja.
Esse borbulho todo está me deixando com saudades, só isso. E quem diria que eu sentiria falta da Terra, que ela seria tão a nossa cara. Percebi que o nosso mundinho tem coisas que é a junção perfeita da gente, só não mais unido que nós dois.
Tudo isso é segredo, meu menino. Nem a Ciência descobre nosso mundinho, nem o quão te adoro demasiadamente. Ninguém nunca entenderia a beleza que ele é, o porque de fazer frio, dos Girassóis no teto, do silêncio. Não há problema, enquanto você dormia eu transbordava tudo isso em nossos lençóis e através dos meus beijos, sem antecedentes, eu infiltrava toda nossa venustidade.

Isadora

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