Carrego uma asserção enorme comigo. Perdi toda a sua vida! Sei disso porque já não sei mais a contagem das tantas perguntas que tinha para fazer a você, meu amor. Tudo culpa sua. Eu acordava decidida a interrogar-te, quando você vinha com seu sorriso formoso. O que tinha nele era algo de se apaixonar, realmente. Você carregava o mundo nele; mostrava, às vezes, um sorriso brincalhão, porém doloroso; você matinha o equilíbrio sempre. Era aquele sorriso que pertencia a mim, somente a mim. E que eu tanto amava admirar, deitada em seus braços, recebendo a carícia dos seus dedos nos meus cabelos, me fazendo cada vez mais extasiada.
Sempre quis tudo além do que suportaria. À medida que vou querendo mais, isso tudo vai se tornando um desencontro para mim e minhas perguntas começam a se tornar infinitas. Eu achei que meu coração suportaria, mas existem coisas que ele não consegue absorver; sua partida. Fui mimada demais, por isso sinto essa necessidade enorme de te ouvir sempre, mesmo que seja para brigar comigo e depois correr para os seus braços. Fico querendo saber seus anseios até mesmo antes dos meus. Por que tudo isso se tornou invisível diante dos nossos olhos?
Nossas brigas sempre foram o suficiente para eu saber que você não mudaria por mim e nem mesmo mudaria para se salvar. E que eu não mudaria por ti. O pouco que nós dois convivíamos era o suficiente para vermos que era quase insuportável; os beijos não cobriam os berros do nosso romance. Não era sempre que as noites juntos superavam as mágoas do dia. E seu olhar me passava que eu nunca estaria em paz ao teu lado, que eu nunca seria feliz por completa. E quando você me mostrou isso, eu quis me defender, quis lutar pelo nosso amor, mas no fundo o meu coração sabia que era verdade. Por mais cruel que fosse admitir, meu amor. As nossas desavenças nunca seriam menores diante o nosso amor conturbado. Mas admito que sempre fui doida de pedra pelo seu jeito desleixado. Parecia que havia veneno nas nossas bocas, que nossas lágrimas eram sempre inacreditáveis, que nós dois sempre estivemos no escuro. Quando nos víamos assim, você vinha e me pegava no colo, beijava minha boca e quando você sentia que eu estava enamorando, deixava que minha magia terminasse ao menos sem começar. Eu encharcava o seu pescoço com minhas lágrimas de dor, você me afastava e me fazia sentir uma ira nunca sentida. Nem me despedi com um beijo, um sorriso, ou sequer um eu te amo, foi apenas um adeus não dito. Por mais que eu sinta que nosso sentimento foi bonito, eu noto a mesquinharia da sua parte, meu amor.
Como sempre, à chuva vem caindo, eu abraço meu corpo como uma forma de proteção, mas não sei se é da chuva ou de você; já não sei o que são lágrimas, o que são gotas de chuva, tudo se misturou; um perfeito rebuliço do seu egoísmo. E eu não reviveria tudo isso nem que nossa música tocasse, nem que o Sol esperasse para se pôr, nem que a Lua quisesse ser nossa amante... Nem que nós dois mudássemos. Ah! Meu amor, nós nascemos um para o outro, mas destinados ao que é errado, ao amor imperfeito. E principalmente a um preço alto. Nosso amor não superou os erros! E é cada um para um lado.
Isadora

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